31 de jan. de 2009

Musa cabloca

Uirapuru canta no seio da mata
Papagaio nenhum solta um pio
Sereia canta sentada na pedra
Marinheiro tonto medra pelo mar
Sou pau de resposta, jibóia, sou eu, canela
Sereia eu sou, uma tela, sou eu, sou ela
Sou pau de resposta, jibóia, sou eu, canela
Sereia eu sou, uma tela, sou eu, sou ela

Coração pipoca na chapa do braseiro
Sou baunilha, sou lenha que queima
Que queima na porta do formigueiro
E ouriça o pêlo do tamanduá
Mãe matriz da fogosa palavra cantada
Geratriz da canção popular desvairada
Nota mágica no tom mais alto, afinada
Sou pau de resposta, jibóia, sou eu, canela
Sereia eu sou, uma tela, sou eu, sou ela
Sou pau de resposta, jibóia, sou eu, canela
Sereia eu sou, uma tela, sou eu, sou ela

(Gilberto Gil)


GAL!

30 de jan. de 2009

Mulher

Não sei
Que intensa magia
Teu corpo irradia
Que me deixa louco assim
Mulher
Não sei
Teus olhos castanhos
Profundos, estranhos
Que mistério ocultarão
Mulher
Não sei dizer
Mulher
Só sei que sem alma
Roubaste-me a calma
E a teus pés eu fico a implorar
O teu amor tem um gosto amargo
E eu fico sempre a chorar nesta dor
Por teu amor
Por teu amor
Mulher

(Custódio Mesquita e Sadi Cabral)

Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

(Álvaro de Campos)

On my own

Sometimes I wonder where I've been
Who I am, do I fit in?
Make believin' is hard alone
Out here on my own

We're always provin' who we are
Always reachin' for that risin' star
To guide me far and shine me home
Out here on my own

When I'm down and feelin' blue
I close my eyes so I can be with you
Oh, baby, be strong for me, baby, belong to me
Help me through, help me need you

Until the morning sun appears
Makin' light of all my fears
I dry the tears I never shown
Out here on my own

But when I'm down and feelin' blue
I close my eyes so I can be with you
Oh, baby, be strong for me, baby, belong to me
Help me through, help me need you

Sometimes I wonder where I've been
Who I am, do I fit in?
I may not win but I can be strong
Out here on my own

Out here on my own
On my own

(singer: Nikka Costa)

Janelas abertas

Sim
Eu poderia fugir, meu amor
Eu poderia partir
Sem dizer pra onde vou
Nem se devo voltar

Sim
Eu poderia morrer de dor
Eu poderia morrer
E me serenizar

Ah
Eu poderia ficar sempre assim
Como uma casa sombria
Uma casa vazia
Sem luz nem calor

Mas
Quero as janelas abrir
Para que o sol possa vir iluminar nosso amor

(Tom Jobim - Vinicius de Moraes)

Na rua, na chuva, na fazenda (casinha de sapê)

Não estou disposto
A esquecer seu rosto de vez
E acho que é tão normal
Dizem que sou louco
Por eu ter um gosto assim
Gostar de quem não gosta de mim
Jogue tuas mãos para o céu
E agradeça se acaso tiver
Alguém que você gostaria que
Estivesse sempre com você
Na rua, na chuva, na fazenda
Ou numa casinha de sapê

(Hyldon)

27 de jan. de 2009

Uma história confusa

"Chegue bem perto de mim. Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa. Ou não diga nada, mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada. Daqui há pouco você vai crescer e achar tudo isso ridículo. Antes que tudo se perca, enquanto ainda posso dizer sim, por favor chegue mais perto".
(Ovelhas negras, Caio Fernando Abreu)

Maiúsculo

Como é maiúsculo
O artista e a sua canção
Relação entre Deus e o músculo
Que faz poderosa a sua criação
Pensando bem
É um mistério
Como é misterioso o coração

Como é minúsculo
O olhar de quem vive no escuro
Um sujeito malvado e burro
Alguém machucado como não ter um bem
Não tem porém
Mas tem um tédio
Não ser vítima do assédio de ninguém

Quase não dorme
Vive ao avesso
Medo conhece bem
Sem endereço
Como é que pode
Não fazer mal também

Tenho meus vícios
Vivem dentro de mim esses bixos
São o pai e a mãe dos meus lixos
E às vezes me levam de mal a pior
Pergunto quem
Não sabe disso
Os momentos em que a vida não tem dó

Solto meus bixos
Pelas músicas quando me aflijo
Mas um homem sem esse feitiço
E sem um carinho a que recorrer
Pode matar
Querer correr
Pois perdeu todo sentido de viver

(Sérgio Sampaio)

26 de jan. de 2009

O Mar e o Ar

O mar pode nos afogar
pode nos inundar
com o seu rosto azul
Porém não consegue nos separar
Porque o amor respira sobre o mar

O ar pode nos ressecar
pode nos carregar
com o seu vento sul
Porém não consegue nos apagar
porque o amor aumenta com o ar

Sempre que estiver à noite a chorar
saiba que estarei aqui
seco a água de seu pranto a soprar
Não demoras a sorrir

Se o vento é de levar
o mar é de trazer
de volta o que se vai
e a onda quer devolver
o amor de eu e você

(Amarante/Kassin/Domenico)

24 de jan. de 2009

A OBSCENA SENHORA D.

"Vi-me afastada do centro de alguma coisa que não sei dar nome, nem por isso irei à sacristia, teófaga incestuosa, isso não, eu Hillé também chamada por Ehud; A Senhora D, eu Nada, eu Nome de Ninguém, eu a procura da luz numa cegueira silenciosa, sessenta anos à procura do sentido das coisas. Derrelição Ehud me dizia, Derrelição – pela última vez Hillé, Derrelição quer dizer desamparo, abandono, e porque me perguntas a cada dia e não reténs, daqui por diante te chamo A Senhora D. D de Derrelição, ouviu? Desamparo, Abandono, desde sempre a alma em vaziez, buscava nomes, tateava cantos, vincos, acariciava dobras, quem sabe se nos frisos, nos fios, nas torçuras, no fundo das calças, nos nós, nos visíveis cotidianos, no ínfimo absurdo, nos mínimos, um dia a luz, o entender de nós todos o destino, um dia vou compreender, Ehud, compreender o quê? isso de vida e morte, esses porquês. Escute, Senhora D, se ao invés desses tratos com o divino, desses luxos do pensamento, tu me fizesses um café, heim? E apalpava, escorria os dedos na minha anca, nas coxas, encostava a boca nos pêlos, no meu mais fundo, dura boca de Ehud, fina úmida e aberta se me tocava, eu dizia olhe espere, queria tanto te falar, não, não faz agora, Ehud, por favor, queria te falar, te falar da morte de Ivan Ilitch, da solidão desse homem, desses nadas do dia a dia que vão consumindo a melhor parte de nós, queria te falar do fardo quando envelhecemos, do desaparecimento, dessa coisa que não é existe mas é crua, é viva, o Tempo."
(...)

(Hilda Hilst)

Achou

Investir
É cultivar o amor
Se despir
É ativar

Resistir
É aturar o amor
Insistir
É saturar

Aderir
É estar com seu amor
Adorar
É superstar

Aplaudir
Até sentindo dor
É amar

Quem puder
Viver um grande amor
Verá

Consentir
É educar o amor
Seduzir
É cutucar

Amarei!
É conjugar o amor
Não amei!
É enxugar

Avançar
É conquistar o amor
Amansar
É como está

Como estou
Com muito amor pra dar
Eu dou!

Quem estiver
Atrás de um grande amor
Achou!

(Dante Ozzetti e Luiz Tatit)

Partidão

Nosso caso de amor
Era pra ser
Um partidão
Mas não foi não

Passei pela zaga igual um azougue
Um zás liso e veloz
Driblei um
Driblei dois
Fiquei na cara do gol
Mas do lado de lá
Eu não pensava encontrar
Um Tafarel
Um Valdir
Um Gilmar

Perder no amor
Que decepção
Não recuei
Botei pressão

Chapelei a dor e a solidão
Tabelei e avancei
Fui ao chão na pequena área do seu coração
Então cansei, desisti
Te perder, sim perdi
Vi que não valho um tostão pra ti
Nem um Mané, um Vavá, um Raí

(Dante Ozzetti e Zeca Baleiro)

Alguem total

Vem me abraçar, vem
Vem reparar bem
Quem é que abraçou quem
Pois vou lhe abraçar também

Quem dá um abraço
Não sabe se deu
Ou se devolveu
Ou se perdeu
Quando o abraço sai alguém e não volta
Não envolveu
Anunciou
Renunciou
Dissolveu

Vem me abraçar, vem
Vem reparar bem
Quem é que abraçou quem
Pois vou lhe abraçar também

Quem quer um pedaço
Um pouco de alguém
Abraçando tem
E ainda mais
Se o abraço for além de um minuto
Aí é fatal
Envolveu
Você tem
Um alguém total

(Dante Ozzetti e Luiz Tatit)

19 de jan. de 2009

Ciclo, círculo, circo

Ao longo da noite ou no tempo qualquer que passa, escuro e frio e silencioso, eu sinto dentro em mim uma angústia única a cada dia, a cada hora, a cada minuto que se vai ao encontro do sol. “Esse sol porque tinha de tanto brilhar? Anunciar no meu peito a manhã pra depois sumir...”. Mil vezes essa canção do Túlio. Mil vezes a voz desesperada e forte da Bethânia sobre o piano que igualmente irradia as notas fortes e pesadas.
A noite me abriga no silêncio e nele eu permaneço sempre. Nele eu sempre quero permanecer. Quero ouvir cada cristal tilintar e o meu coração bater, descompassado. Decifrar cada sombra que invade a minha pupila dilatada; cada imagem que já se grudou na minha retina, e que da minha cabeça, do mais fundo poço, retorna em carrossel.

(a.l.k.)

Bom dia, tristeza

Bom dia, tristeza
Que tarde, tristeza
Você veio hoje me ver
Já estava ficando até meio triste
De estar tanto tempo longe de você
Se chegue tristeza
Se sente comigo
Aqui nesta mesa de bar
Beba do meu copo
Me dê o seu ombro
Que é para eu chorar
Chorar de tristeza
Tristeza de amar

(Adoniran Barbosa e Vinicius de Moraes)

Iracema

Iracema
Eu nunca mais eu te vi
Iracema
Meu grande amor foi embora
Chorei, eu chorei
de dor porque
Iracema
Meu grande amor foi você
Iracema
Eu sempre dizia
"Cuidado ao travessar
essas ruas"
Eu falava
Mas você não me escutava, não
Iracema
Você travessou contramão

E hoje ela vive lá no céu
E ela vive
Bem juntinho de Nosso Senhor
De lembranças
Guardo somente suas meias
E seus sapatos
Iracema eu perdi o seu retrato

(Iracema, fartavam 20 dias
Pra o nosso casamento
Que nóis ia se casa
Você atravessô a São João
Vem um carro te pega
E te pincha no chão
Você foi pra assistência,
Iracema
O chofer não teve curpa,
Iracema
Paciência, Iracema, paciência!)

E hoje ela vive lá no céu (...)

(Adoniran Barbosa)

Rio antigo

Quero um bate-papo na esquina
Eu quero o Rio antigo
Com crianças na calçada
Brincando sem perigo
Sem metrô e se frescão
O ontem no amanhã
Eu que pego o bonde 12 de Ipanema
Pra ver o Oscarito e o Grande Otelo no cinema
Domingo no Rian
Me deixa eu querer mais, mais paz

Quero um pregão de garrafeiro
Zizinho no gramado
Eu quero um samba sincopado
Baioba, bagageiro
E o desafinado que o Jobim sacou
Quero o programa de calouros
Com Ary Barroso
O Lamartine me ensinando
Um lá, lá, lá, lá, lá, gostoso
Quero o Café Nice
De onde o samba vem
Quero a Cinelândia estreando "E o Vento Levou"
Um velho samba do Ataulfo
Que ninguém jamais agravou
PRK 30 que valia 100
Como nos velhos tempos

Quero o carnaval com serpentinas
Eu quero a Copa Roca de Brasil e Argentina
Os Anjos do Inferno, 4 Ases e Um Coringa
Eu quero, eu quero porque é bom
É que pego no meu rádio uma novela
Depois eu vou à Lapa, faço um lanche no Capela
Mais tarde eu e ela, nos lados do Hotel Leblon

Quero um som de fossa da Dolores
Uma valsa do Orestes, zum-zum-zum dos Cafajestes
Um bife lá no Lamas
Cidade sem Aterro, como Deus criou
Quero o chá dançante lá no clube
Com Waldir Calmon
Trio de Ouro com a Dalva
Estrela Dalva do Brasil
Quero o Sérgio Porto
E o seu bom humor
Eu quero ver o show do Walter Pinto
Com mulheres mil
O Rio aceso em lampiões
E violões que quem não viu
Não pode entender
O que é paz e amor

(Notato Buzar e Chico Anísio)

Gostoso veneno

Este amor me envenena
Mas todo amor sempre vale a pena
Desfalecer de prazer, morrer de dor
Tanto faz, eu quero é mais amor
A água da fonte bebida na palma da mão
Rosa se abrindo, se despetalando no chão
Quem não viu e nem provou
Não viveu, nunca amou
Se a vida é curta e o mundo é pequeno
Vou vivendo morrendo de amor
Gostoso veneno

(Wilson Moreira e Nei Lopes)

Cajueiro velho

Cajueiro velho
Vergado e sem folhas
Sem frutos, sem flores
Sem vida, afinal
Eu que te vi
Florido e viçoso
Com frutas tão doces
Que não tinha igual
Não posso deixar
De sentir uma tristeza
Pois vejo que o tempo
Tornou-te assim
Infelizmente também a certeza
Que ele fará o mesmo de mim

Já tenho no rosto
Sinais de velhice
Pois da meninice
Não tenho mais traços
Começo a vergar como tu, cajueiro
Fui teu companheiro
Dos primeiros passos
Portanto
Não tens diferença de mim
Seguimos marchando
Em uma só direção
Apenas me resta da vida o fim
E da mocidade a recordação

(João Carlos)

17 de jan. de 2009

Esquecendo você

Eu vou ter que passar minha vida cantando uma só canção
Eu vou ter que aprender a viver sozinho na solidão
Eu vou ter que lembrar tantas vezes o riso dos olhos seus
Eu vou ter que passar minha vida tentando esquecer este adeus
Eu vou ter que esquecer seu sorriso e o pranto dos olhos meus
Eu vou ter que esquecer seu olhar na hora do adeus
Eu vou ter que esquecer minha vida
Só você não percebe por que
Eu vou ter que passar minha vida esquecendo você

(Tom Jobim)

Demais

Todos acham que eu falo demais
E que eu ando bebendo demais
Que essa vida agitada não serve pra nada
Andar por aí bar em bar, bar em bar
Dizem até que ando rindo demais
E que conto anedotas demais
Que eu não largo o cigarro e dirijo o meu carro
Correndo, chegando, no mesmo lugar
Ninguém sabe é que isso acontece porque
Vou passar toda a vida esquecendo você
E a razão porque vivo esses dias banais
É porque ando triste, ando triste demais
E é por isso que eu falo demais
É por isso que eu bebo demais
E a razão porque vivo essa vida agitada demais
É porque meu amor por você é imenso
O meu amor por você é tão grande
(É porque) Meu amor por você é enorme demais

(Tom Jobim e Aloysio de Oliveira)

Molambo

Eu sei que vocês vão dizer
Que é tudo mentira, que não pode ser
Que depois de tudo o que ele me fez
Eu jamais poderia aceitá-lo outra vez
Eu sei que assim procedendo
Me exponho ao desprezo de todos vocês
Lamento, mas fiquem sabendo
Que ele voltou e comigo ficou
Voltou pra matar a saudade
A tremenda saudade que não me deixou
Que não me deu sossego um momento sequer
Desde o dia em que ele me abandonou
Voltou pra impedir que a loucura
Fizesse de mim um molambo qualquer
Ficou dessa vez para sempre
Se Deus quiser

(Jayme Florence e Augusto Mesquita)

16 de jan. de 2009

manhã à noite

O dia começou cedo. Moveu-se por entre as nuvens e trôpego não chegou a lugar nenhum. Foi há muitos lugares, mas desviou-se dos objetivos. Autônomo e autômato. Vermelho e quente. Sob a sombra. Sombras. Foi num circuito antigo de contemplação e extâse. Num caminho conhecido permeado sempre por indiferenças, desilusões e desgostos. Muitos gostos. Tudo busca. E a captura daquilo não desejado nem sabendo qual o desejo mas tendo ele latente a impulsionar os pés e o sangue. Insatisfação e o pensamento eterno na linha contrária em círculo.

(a.l.k)

Abololô

Abololô, abolocô
E a saudade vem
Vem pra me dizer que no peito
Há vazio há falta de alguém

Abololô, abolocô
E a saudade vem
Vem pra qualquer um qualquer hora
Por alguém que foi pra longe já volta

Foi para não mais voltar
Gente que sente e que chora
Alguém que foi embora

(Marisa Monte / Lucas Santtana)

A sua

Eu só quero que você saiba
Que estou pensando em você
Agora e sempre mais
Eu só quero que você ouça
A canção que eu fiz pra dizer
Que eu te adoro cada vez mais
E que eu te quero sempre em paz

Tô com sintomas de saudade
Tô pensando em você
E como eu te quero tanto bem
Aonde for não quero dor
Eu tomo conta de você
Mas te quero livre também
Como o tempo vai e o vento vem

Eu só quero que você caiba
No meu colo
Porque eu te adoro cada vez mais
Eu só quero que você siga
Para onde quiser
Que eu não vou ficar muito atrás

Tô com sintomas de saudade
Tô pensando em você
E como eu te quero tanto bem
Aonde for não quero dor
Eu tomo conta de você
Mas te quero livre também
Como o tempo vai e o vento vem

Eu só quero que você saiba
Que estou pensando em você
Mas te quero livre também
Como o tempo vai e o vento vem
E que eu te quero livre também
Como o tempo vai e o vento vem

(Marisa Monte)

6 de jan. de 2009

Estação Derradeira

Rio de ladeiras
Civilização encruzilhada
Cada ribanceira é uma nação

À sua maneira
Com ladrão
Lavadeiras, honra, tradição
Fronteiras, munição pesada

São Sebastião crivado
Nublai minha visão
Na noite da grande
Fogueira desvairada

Quero ver a Mangueira
Derradeira estação
Quero ouvir sua batucada, ai, ai

Rio do lado sem beira
Cidadãos
Inteiramente loucos
Com carradas de razão

À sua maneira
De calção
Com bandeiras sem explicação
Carreiras de paixão danada

São Sebastião crivado
Nublai minha visão
Na noite da grande
Fogueira desvairada

Quero ver a Mangueira
Derradeira estação
Quero ouvir sua batucada, ai, ai

(Chico Buarque)

Morro Dois Irmãos

Dois Irmãos, quando vai alta a madrugada
E a teus pés vão-se encostar os intrumentos
Aprendi a respeitar tua prumada
E desconfiar do teu silêncio

Penso ouvir a pulsação atravessada
Do que foi e o que será noutra existência
É assim como se a rocha dilatada
Fosse uma concentração de tempos

É assim como se o ritmo do nada
Fosse, sim, todos os ritmos por dentro
Ou, então, como um música parada
Sobre um montanha em movimento

(Chico Buarque)

Cecília

Quantos artistas
Entoam baladas
Para suas amadas
Com grandes orquestras
Como os invejo
Como os admiro
Eu, que te vejo
E nem quase respiro

Quantos poetas
Românticos, prosas
Exaltam suas musas
Com todas as letras
Eu te murmuro
Eu te suspiro
Eu, que soletro
Teu nome no escuro


Me escutas, Cecília?
Mas eu te chamava em silêncio
Na tua presença
Palavras são brutas


Pode ser que, entreabertos
Meus lábios de leve
Tremessem por ti
Mas nem as sutis melodias
Merecem, Cecília, teu nome
Espalhar por aí
Como tantos poetas
Tantos cantores
Tantas Cecílias
Com mil refletores
Eu, que não digo
Mas ardo de desejo
Te olho
Te guardo
Te sigo
Te vejo dormir

(Luíz Cláudio Ramos/Chico Buarque)
Blog Widget by LinkWithin