24 de mai. de 2014

Mônica Salmaso - Noite


A solidão num bar a noite quente
o tédio sufocante
um gesto descuidado
a frase inconsequente
um riso provocante
no rosto um desafio
o olhar macio e imprudente
seu jeito de criança entrando em minha vida imperiosamente

o anseio arrebatado e torturante
o corpo impaciente
a boca incendiada
o seio palpitante
o beijo incandescente
o coração descompassado suplicante
um fogo ardendo furiosamente
e o gosto inebriante de um desejo urgente e devastador

a entrega obediente sempre vem
o ardor dilacerante
a alma adolescente
o abraço alucinado
um grito triunfante
um louco desvario a paz chegando de repente
e o pulso latejante da paixão febril cravada no meu ventre

no fim a despedida e o vazio doendo persistente
me vi por toda vida num silêncio frio ao te lembrar ausente
e ainda que esta noite esteja tão distante a dor me faz lembrar inutilmente
que fui por um instante tua para sempre amor..

Nelson Ayres



22 de mai. de 2014

Estrada branca/ This happy Madness: interpretações sublimes

Estrada branca
Lua branca
Noite alta
Tua falta caminhando
Caminhando, caminhando
Ao lado meu
Uma saudade
Uma vontade
Tão doída
De uma vida
Vida que morreu
Estrada passarada
Noite clara
Meu caminho é tão sozinho
Tão sozinho
A percorrer
Que mesmo andando
Para a frente
Olhando a lua tristemente
Quanto mais ando
Mais estou perto
De você
Se em vez de noite
Fosse dia
Se o sol brilhasse
E a poesia
Em vez de triste
Fosse alegre
De partir
Se em vez de eu ver
Só minha sombra
Nessa estrada
Eu visse ao longo
Dessa estrada
Uma outra sombra
A me seguir
Mas a verdade
É que a cidade
Ficou longe, ficou longe
Na cidade
Se deixou meu bem-querer
Eu vou sozinho sem carinho
Vou caminhando meu caminho
Vou caminhando com vontade de morrer

(Antonio Carlos Jobim/ Vinicius de Moraes)








What should I call this happy madness that I feel inside of me
Sometime of wild October gladness that I never thought I'd see
What has become of all my sadness all my endless lonely sighs
Where are my sorrows now
What happened to the frown and is that self contented clown
Standing grinning in the mirror really me
I'd like to run through Central Park carve your initials in the bark
Of every tree I pass for every one to see
I feel that I've gone back to childhood and I'm skipping through the wildwood
So excited that I don't know what to do
What do I care if I'm a juvenile I smile my secret little smile
Because I know the change in me is you
What should I call this happy madness all this unexpected joy
That turned the world into a baby's bouncing toy
The god's are laughing far above one of them gave a little shove
And I fell gaily gladly madly into love

(Antonio Carlos Jobim/ Vinicius de Moraes/ Gene Lees)


12 de mai. de 2014

lágrima







Lágrima por lágrima hei de te cobrar
Todos os meus sonhos que tu carregaste, hás de me pagar
A flor dos meus anos, meus olhos insanos de te esperar
Os meus sacrifícios, meus medos, meus vícios, hei de te cobrar
Cada ruga que trouxer no rosto, cada verso triste que a dor me ensinar
Cada vez que no meu coração, morrer uma ilusão, hás de me pagar
Toda festa que adiei, tesouros que entreguei, a imensidão do mar
As noites que encarei sem Deus, na cruz do teu adeus, hei de te cobrar
A flor dos meus anos, meus olhos insanos, de te esperar
Os meus sacrifícios, meus medos, meus vícios, hei de te cobrar
Cada ruga que eu trouxer no rosto, cada verso triste que a dor me ensinar
Cada vez que no meu coração morrer uma ilusão, hás de me pagar
Toda festa que adiei, tesouros que entreguei, a imensidão do mar
As noites que encarei sem Deus, na cruz do teu adeus, hei de te cobrar...
Lágrima por lágrima.

Roque Ferreira / Sophia de Mello Breyner
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