Três da madrugada Quase nada A cidade abandonada E essa rua que não tem mais fim Três da madrugada Tudo e nada A cidade abandonada E essa rua não tem mais nada de mim Nada Noite, alta madrugada Essa cidade que me guarda Que me mata de saudade É sempre assim Triste madrugada Tudo e nada A mão fria, a mão gelada Toca bem de leve em mim Saiba Meu pobre coração não vale nada Pelas três da madrugada Toda a palavra calada Dessa rua da cidade Que não tem mais fim
Deixa o sereno da noite Molhar teus cabelos que eu quero enxugar amor Vou buscar agua da fonte, lavar os teus pés Perfumar e beijar, amor É assim que começam os romances E assim começamos nós dois Pouca gente repete essas frases um ano depois Dez anos estás ao meu lado dez anos vivemos brigando Mas quando eu chego cansado, teus braços estão me esperando Esse é o e exemplo que damos aos jovens recém namorados Que é melhor brigar juntos do que chorar separados
"E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre;(…)" (Fernando Pessoa, in "Livro do Desassossego")