Se me viro numa dura É que a esta altura não dá pra parar Se parar desequilibro Não dá pra recuperar Faço um giro de cintura Mas mantenho a compostura Porque sei me equilibrar E tem hora que até vibro Mas eu vibro sem parar Eu admiro a criatura Que consegue sossegar Quisera! Mas eu tou na corda bamba Tenho que barbarizar Não adianta puxar Não adianta empurrar Não adianta tentar Me paralisar Qual é? Vai querer me derrubar? Me equilibro como posso Me equilibro nesse troço
Que puseram aqui Pra me apoiar Me equilibro com a pontinha Do meu pé sobre essa linha Que traçaram pra eu Poder passar
Me equilibro na tangente Sempre olhando lá pra frente Pra não me desestabilizar Me equilibro como dá ... Porque tenho que Continuar Quando chega sexta-feira Parece que a vida inteira Equilibrei Me livrei, me livrei E a semana que vem Tem mais
"E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre;(…)" (Fernando Pessoa, in "Livro do Desassossego")
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