Maria Bethânia me apresentou Fernando Pessoa. Apresentou-me formalmente, e foi com "Eros e Psique", que eu repetida e encantadamente ouvia no disco (sim, em vinil) "Pássaro da manhã", originalmente editado em 1977. Neste disco, além de Pessoa, há Clarice Lispector, dois dos nomes que na literatura mais me envolvem, a partir de então. Há também um texto de Fauzi Arap, que precede a canção "Um jeito estúpido de te amar", de Isolda e Milton Carlos. Teatral. Forte. E um texto da própria Maria Bethânia, antes de "Há um Deus", de Lupicínio Rodrigues. Enfim, não só pela música; sobretudo, sou grato à Maria Bethânia pela literatura na minha vida.
"E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre;(…)" (Fernando Pessoa, in "Livro do Desassossego")
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