26 de fev. de 2011

Numerações

Sete cinco três.
E talvez
um conjunto
vazio.
Centenas de
milhares.
Zero.
Infinito.

(a.l.k.)

21 de fev. de 2011

Sem Destino | Luiz Tatit



Tudo que era o meu destino
Na verdade nunca me aconteceu
Pode ter acontecido
Pra alguma pessoa
Mas não era eu
Vivo assim na vida sem previsão
Todo mundo tem destino, eu não
Nunca os fatos são de fato fatais
Não confio na fortuna jamais
Puro por acaso e nada mais

Tudo que já estava escrito
No meu caso nunca se concretizou
Só talvez o aniversário
Que é na mesma data
E não se alterou
Era pra eu já ter encontrado um amor
Era pra eu já ter esquecido o anterior
Era pra eu já ter aprendido a sonhar
Era pra eu correr o mundo e voltar
Mas viagem sem destino, não dá

Quero minha sina
Quero minha sorte
Quero meu destino
Quero ter um norte
Quero ouvir uma vidente
Que me conte tudo
Só esconda a morte
Quero uma certeza mínima
Que se confirme
Que não seja trote
Por não ter o meu destino
Vivo em desatino
Como D. Quixote

Quem não tem o seu destino
Chega a noite
Pensa que tudo acabou
Se levanta muito cedo
Nunca sabe bem
Por que que levantou
Nada tem urgência para cumprir
Pode virar do outro lado e dormir
Pode ficar nessa até o entardecer
Todos os amigos vão entender
Levantar sem ter destino
Pra quê?

Ser assim tão sem destino
Me preocupa muito
Me deixa infeliz
Sempre quis o meu destino
Foi o meu destino
Que nunca me quis
Mesmo algum sucesso que ele previu
Era pra me revelar, desistiu
Acho que ele foi atrás de outro alguém
Pois destino tem destino também
E só revela aquilo que lhe convém

(Sem destino - Luiz Tatit)

17 de fev. de 2011

Tulipa Ruiz | Às Vezes

Às vezes quando eu vou à Augusta
O que mais me assusta é o teu jeito de olhar
De me ignorar
Toda em tons de azul

Teu ar displicente invade meu espaço
E eu caio no laço exatamente do jeito
Um crime perfeito
It's all right, baby blue

Garupa de moto, a quina da loto saiu pra você
Sem nome e o endereço é de hotel, eu mereço
Até outra vez

Às vezes quando eu chego em casa
O silêncio me arrasa e eu ligo logo a TV
Só então eu ligo pr'ocê, descubro que já sumiu

Não sei em qual festa que eu te garimpei
Cantanto "lay mister lay", será que foi no meu tio?
Ou em algum bar do Brasil...
Sei lá, eu fui mais de mil

Cheguei bem tarde, o vinho estava no fim
E alguém passou o chapéu pra mim e gritou
É grana pra mais bebum e eu não paguei

Às vezes quando eu vou ao shopping
Escuto "Money for Nothing" e então começo a lembrar
Que eu tocava num bar e que uma corda quebrou

Foi um deus-nos-acuda, eu apelei pro meu Buda
Te peguei pelo braço e nós fomos embora
Eu disse: Baby, não chora, amor de primeira hora

A vida é chata, mas ser platéia é pior
E que papel o meu
Chá quente na cama, sorvete, torta, banana, lua de mel

Às vezes quando eu vou ao centro da cidade
Evito, mas entro no mesmo bar que você
Nem imagino o porquê, se eu nem queria beber

Reparo em sua roupa, na loira ao seu lado
No seu ar cansado que nem mesmo me vê
Olhando pr'ocê, pedindo outro "fernet"

Será que não chega, já estou me repetindo
Eu vivo mentindo pra mim
Outro sim, outra "trip", outro tchau
Outro caso banal, tão normal, tão chinfrim

Às vezes eu até pego uma estrada
E a cada belo horizonte eu diviso o seu rosto
A face oculta da lua soprando ainda sou sua

(Luiz Chagas)

12 de fev. de 2011

5 de fev. de 2011

Cartola e Leci Brandão - Corra e Olhe o Céu -Programa Ensaio



Linda!
Te sinto mais bela
E fico na espera
Me sinto tão só
Mas!
O tempo que passa
Em dor maior
Bem maior...
Linda!
No que se apresenta
O triste se ausenta
Fez-se a alegria
Corra e olhe o céu
Que o sol vem trazer
Bom dia
Aaai!
Corra e olhe o céu
Que o sol vem trazer
Bom dia...
Linda!
Te sinto mais bela
Te fico na espera
Me sinto tão só
Mas!
O tempo que passa
Em dor maior
Bem maior...
Linda!
No que se apresenta
O triste se ausenta
Fez-se a alegria
Corra e olhe o céu
Que o sol vem trazer
Bom dia
Aaai!
Corra e olhe o céu
Que o sol vem trazer
Bom dia...

(Cartola / Dalmo Casteli)

4 de fev. de 2011

Anseio

É tudo tão muito que é quase nada. Todos tantos. E tantos a escorrerem por entre os dedos, pelo ralo, pela correnteza, pelo sangue que errou de veia e se perdeu, como disse o Chico. Assim, como mil agulhadas, mil abelhas, mil dores, não há cada uma, é tudo uma só, não há como sentir uma, duas, dez, cinquenta, oitocentas e noventa e sete. É uma, amontoada. Dou valor à ilusão e ao que é real, desprezo... não, indiferença. Indifereça é pior que desprezo, indiferença é pior que tudo, ela é sem força, pálida, ela é assim quase não sendo. Não é ódio que grita, nem raiva rascante, nem paixão ébria, nem amor, que é. Se eu disse "sim" setenta e oito vezes e recebi "não" em quarenta e sete delas, isso é mais um sim ou um não? Pesa igual? O sofrimento é proporcional? Queria que fosse. Queria saber sentir assim. Mas não. O possíveis quarenta e sete serão sempre maiores que setenta e oito e grande enorme imensamente maiores que trinta e um. Por que? É, eu não sei. Não sei. Não sei ser. Não sei ser natural(?. Não sei estar sem me ver vendo. Não sei assim sentir, achar que é, fazer ser como deveria: "the greatest thing you ever learn is just to love and be loved in return".

(A.L.K.)

1 de fev. de 2011

Mar azul - Cesária Évora & Marisa Monte

Oh mar, detá quitinho bô dixam bai
Bô dixam bai spiá nha terra
Bô dixam bai salvá nha Mâe
Oh mar, oh mar
Detá quitinho bô dixam bai
Bô dixam bai spiá nha terra
Bô dixam bai salvá nha Mâe
Oh mar, oh mar
Mar azul, subi mansinho
Lua cheia lumiam caminho
Pam ba nha terra di meu
São Vicente pequinino, pam bà braçá nha cretcheu
Mar azul, subi mansinho
Lua cheia lumiam caminho
Pam ba nha terra di meu
São Vicente pequinino, pam bà braçá nha cretcheu
Oh mar, anô passá tempo corrê
Sol raiá, lua sai
A mi ausente na terra longe
Oh mar, oh mar
Oh mar, anô passá tempo corrê
Sol raiá, lua sai
A mi ausente na terra longe
Oh mar, oh mar
Mar azul, subi mansinho
Lua cheia lumiam caminho
Pam ba nha terra di meu
São Vicente pequinino, pam bà braçá nha cretcheu
Mar azul, subi mansinho
Lua cheia lumiam caminho
Pam ba nha terra di meu
São Vicente pequinino, pam bà braçá nha cretcheu

(B. Leza)

Arnaldo Antunes - Essa Mulher

ela quer viver sozinha
sem a sua companhia
e você ainda quer essa mulher
ela goza com o sabonete
não precisa de você
ela goza com a mão
não precisa do seu pau
ela quer viver sozinha
sem a sua companhia
e você ainda quer essa mulher
que não sente a sua falta
e quando você chega em casa ela não sente a sua presença
ela tem um travesseiro mais macio do que o seu braço
e um acolchoado muito mais quente que o seu abraço
ela quer viver sozinha
sem a sua companhia
e você ainda quer essa mulher

(arnaldo antunes)

Blog Widget by LinkWithin