Tudo que era o meu destino Na verdade nunca me aconteceu Pode ter acontecido Pra alguma pessoa Mas não era eu Vivo assim na vida sem previsão Todo mundo tem destino, eu não Nunca os fatos são de fato fatais Não confio na fortuna jamais Puro por acaso e nada mais
Tudo que já estava escrito No meu caso nunca se concretizou Só talvez o aniversário Que é na mesma data E não se alterou Era pra eu já ter encontrado um amor Era pra eu já ter esquecido o anterior Era pra eu já ter aprendido a sonhar Era pra eu correr o mundo e voltar Mas viagem sem destino, não dá
Quero minha sina Quero minha sorte Quero meu destino Quero ter um norte Quero ouvir uma vidente Que me conte tudo Só esconda a morte Quero uma certeza mínima Que se confirme Que não seja trote Por não ter o meu destino Vivo em desatino Como D. Quixote
Quem não tem o seu destino Chega a noite Pensa que tudo acabou Se levanta muito cedo Nunca sabe bem Por que que levantou Nada tem urgência para cumprir Pode virar do outro lado e dormir Pode ficar nessa até o entardecer Todos os amigos vão entender Levantar sem ter destino Pra quê?
Ser assim tão sem destino Me preocupa muito Me deixa infeliz Sempre quis o meu destino Foi o meu destino Que nunca me quis Mesmo algum sucesso que ele previu Era pra me revelar, desistiu Acho que ele foi atrás de outro alguém Pois destino tem destino também E só revela aquilo que lhe convém
Linda! Te sinto mais bela E fico na espera Me sinto tão só Mas! O tempo que passa Em dor maior Bem maior... Linda! No que se apresenta O triste se ausenta Fez-se a alegria Corra e olhe o céu Que o sol vem trazer Bom dia Aaai! Corra e olhe o céu Que o sol vem trazer Bom dia... Linda! Te sinto mais bela Te fico na espera Me sinto tão só Mas! O tempo que passa Em dor maior Bem maior... Linda! No que se apresenta O triste se ausenta Fez-se a alegria Corra e olhe o céu Que o sol vem trazer Bom dia Aaai! Corra e olhe o céu Que o sol vem trazer Bom dia...
É tudo tão muito que é quase nada. Todos tantos. E tantos a escorrerem por entre os dedos, pelo ralo, pela correnteza, pelo sangue que errou de veia e se perdeu, como disse o Chico. Assim, como mil agulhadas, mil abelhas, mil dores, não há cada uma, é tudo uma só, não há como sentir uma, duas, dez, cinquenta, oitocentas e noventa e sete. É uma, amontoada. Dou valor à ilusão e ao que é real, desprezo... não, indiferença. Indifereça é pior que desprezo, indiferença é pior que tudo, ela é sem força, pálida, ela é assim quase não sendo. Não é ódio que grita, nem raiva rascante, nem paixão ébria, nem amor, que é. Se eu disse "sim" setenta e oito vezes e recebi "não" em quarenta e sete delas, isso é mais um sim ou um não? Pesa igual? O sofrimento é proporcional? Queria que fosse. Queria saber sentir assim. Mas não. O possíveis quarenta e sete serão sempre maiores que setenta e oito e grande enorme imensamente maiores que trinta e um. Por que? É, eu não sei. Não sei. Não sei ser. Não sei ser natural(?. Não sei estar sem me ver vendo. Não sei assim sentir, achar que é, fazer ser como deveria: "the greatest thing you ever learn is just to love and be loved in return".
Oh mar, detá quitinho bô dixam bai
Bô dixam bai spiá nha terra
Bô dixam bai salvá nha Mâe
Oh mar, oh mar
Detá quitinho bô dixam bai
Bô dixam bai spiá nha terra
Bô dixam bai salvá nha Mâe
Oh mar, oh mar
Mar azul, subi mansinho
Lua cheia lumiam caminho
Pam ba nha terra di meu
São Vicente pequinino, pam bà braçá nha cretcheu
Mar azul, subi mansinho
Lua cheia lumiam caminho
Pam ba nha terra di meu
São Vicente pequinino, pam bà braçá nha cretcheu
Oh mar, anô passá tempo corrê
Sol raiá, lua sai
A mi ausente na terra longe
Oh mar, oh mar
Oh mar, anô passá tempo corrê
Sol raiá, lua sai
A mi ausente na terra longe
Oh mar, oh mar
Mar azul, subi mansinho
Lua cheia lumiam caminho
Pam ba nha terra di meu
São Vicente pequinino, pam bà braçá nha cretcheu
Mar azul, subi mansinho
Lua cheia lumiam caminho
Pam ba nha terra di meu
São Vicente pequinino, pam bà braçá nha cretcheu
ela quer viver sozinha
sem a sua companhia
e você ainda quer essa mulher
ela goza com o sabonete
não precisa de você
ela goza com a mão
não precisa do seu pau
ela quer viver sozinha
sem a sua companhia
e você ainda quer essa mulher
que não sente a sua falta
e quando você chega em casa ela não sente a sua presença
ela tem um travesseiro mais macio do que o seu braço
e um acolchoado muito mais quente que o seu abraço
ela quer viver sozinha
sem a sua companhia
e você ainda quer essa mulher
"E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre;(…)" (Fernando Pessoa, in "Livro do Desassossego")