17 de out. de 2009

Velho arvoredo

Eu te esqueci muito cedo
Pelo tempo que passou
Tal como um velho arvoredo
Que o vento não derrubou
Tronco mudado em rochedo
Pedra transformada em flor
E eu fui ficando sozinho no pó do caminho
Me desenganando sofrendo e chorando
E mantendo em segredo
Essa minha ilusão
Que me escapou de entre os dedos
Pra não sei que outras mãos
E eu me tornei o arremedo
De tudo aquilo que eu não sou
Mas, eu jamais retrocedo o que passou, passou
Já superei mas, só eu sei, o mesmo eu jamais serei
Feito a madeira, o machado inclinando
Eu por fora estou cicatrizando
E por dentro sangrando
Afastado do medo mas sozinho
Tal como o velho arvoredo
Que não serve ao tempo nem ao lenhador
E o vento abandonou

(Hélio Delmiro - Paulo César Pinheiro)


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