Por una cabeza de un noble potrillo que justo en la raya afloja al llegar, y que al regresar parece decir: No olvidéis, hermano, vos sabés, no hay que jugar. Por una cabeza, metejón de un día de aquella coqueta y risueña mujer, que al jurar sonriendo el amor que está mintiendo, quema en una hoguera todo mi querer.
Por una cabeza, todas las locuras. Su boca que besa, borra la tristeza, calma la amargura. Por una cabeza, si ella me olvida qué importa perderme mil veces la vida, para qué vivir.
Cuántos desengaños, por una cabeza. Yo jugué mil veces, no vuelvo a insistir. Pero si un mirar me hiere al pasar, sus labios de fuego otra vez quiero besar. Basta de carreras, se acabó la timba. ¡Un final reñido ya no vuelvo a ver! Pero si algún pingo llega a ser fija el domingo, yo me juego entero. ¡Qué le voy a hacer..!
Quantos artistas Entoam baladas Para suas amadas Com grandes orquestras Como os invejo Como os admiro Eu, que te vejo E nem quase respiro
Quantos poetas Românticos, prosas Exaltam suas musas Com todas as letras Eu te murmuro Eu te suspiro Eu, que soletro Teu nome no escuro
Me escutas, Cecília? Mas eu te chamava em silêncio Na tua presença Palavras são brutas
Pode ser que, entreabertos Meus lábios de leve Tremessem por ti Mas nem as sutis melodias Merecem, Cecília, teu nome Espalhar por aí Como tantos poetas Tantos cantores Tantas Cecílias Com mil refletores Eu, que não digo Mas ardo de desejo Te olho Te guardo Te sigo Te vejo dormir
Vem, meu menino vadio Vem, sem mentir pra você Vem, mas vem sem fantasia Que da noite pro dia Você não vai crescer
Vem, por favor não evites Meu amor, meus convites Minha dor, meus apelos Vou te envolver nos cabelos Vem perde-te em meus braços Pelo amor de Deus
Vem que eu te quero fraco Vem que eu te quero tolo Vem que eu te quero todo meu
Ah, eu quero te dizer Que o instante de te ver Custou tanto penar Não vou me arrepender Só vim te convencer Que eu vim pra não morrer
De tanto te esperar Eu quero te contar Das chuvas que apanhei Das noites que varei No escuro a te buscar Eu quero te mostrar As marcas que ganhei Nas lutas contra o rei Nas discussões com Deus E agora que cheguei Eu quero a recompensa Eu quero a prenda imensa Dos carinhos teus
Por engano, vingança ou cortesia Tava lá morto e posto, um desgarrado Onze tiros fizeram a avaria E o morto já tava conformado Onze tiros e não sei porque tantos Esses tempos não tão pra ninharia Não fosse a vez daquele um outro ia Deus o livre morrer assassinado Pro seu santo não era um qualquer um Três dias num terreno abandonado Ostentando onze fitas de Ogum Quantas vezes se leu só nesta semana Essa história contada assim por cima A verdade não rima A verdade não rima A verdade não rima...
(Fatima Guedes)
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Quem cala sobre teu corpo Consente na tua morte Talhada a ferro e fogo Nas profundezas do corte Que a bala riscou no peito
Quem cala morre contigo Mais morto que estás agora Relógio no chão da praça Batendo, avisando a hora Que a raiva traçou no tempo No incêndio repetido O brilho do teu cabelo Quem grita vive contigo
Quero cantar pra você Segunda-feira de manhã Pelo seu rádio de pilha tão docemente E te ajudar a encarar esse dia mais facilmente
Quero juntar minha voz matinal Aos restos dos sons noturnos E aos cheiros domingueiros que ainda boiam Na casa e em você Para que junto com o café e o pão se dê O milagre de ouvir latir o coração Ou quem sabe algum projeto, uma lembrança Uma saudade à toa Venha nascendo com o dia numa boa E estar com você na primeira brasa do cigarro No primeiro jorro da torneira Nos primeiros aprontos de um guerreiro de manhã Para que saias com alguma alegria bem normal Que dure pelo menos até você comprar e ler
Porque foste na vida A última esperança Encontrar-te me fez criança Porque já eras meu Sem eu saber sequer Porque és o meu homem E eu tua mulher.
Porque tu me chegaste Sem me dizer que vinhas E tuas mãos foram minhas com calma Porque foste em minhÂ’alma Como um amanhecer Porque foste o que tinha de ser.
Você não acreditou Você sequer me olhou Disse que eu era muito nova pra você Mas, Agora que eu cresci você quer me namorar Você não acreditou Você sequer notou Disse que eu era muito nova pra você Mas, Agora que eu cresci você quer me namorar Não vou acreditar nesse falso amor Que só quer me iludir me enganar isso é caô E pra não dizer que eu sou ruim Vou deixar você me olhar Só olhar, só olhar, baba Baby, baba Olha o que perdeu Baba, criança cresceu Bem feito pra você ehh, agora eu sou mais eu Isso é pra você aprender a nunca mais me esnobar Baba baby, baby baba, Baba Baby, baba Olha o que perdeu Baba, criança cresceu Bem feito pra você ehh, agora eu sou mais eu Isso é pra você aprender a nunca mais me esnobar Baba baby, baby baba, baba Baby, baba baba ba Baby baba baba ba Baby baba baba ba Baby Baba baba ba Baby baba baba ba Baby baba baba ba Baby Você não acreditou Você sequer notou Disse que eu era muito nova pra você Mas, Agora que eu cresci você quer me namorar Não vou acreditar nesse falso amor Que só quer me iludir me enganar isso é caô E pra não dizer que eu sou ruim Vou deixar você me olhar Só olhar, só olhar, baba Baby, baba Olha o que perdeu Baba, criança cresceu Bem feito pra você ehh, agora eu sou mais eu Isso é pra você aprender a nunca mais me esnobar Baba baby, baby baba, Baba Baby, baba Olha o que perdeu Baba, criança cresceu Bem feito pra você ehh, agora eu sou mais eu Isso é pra você aprender a nunca mais me esnobar Baba baby, baby baba, baba Baby, baba baba ba Baby baba baba ba Baby baba baba ba Baby Baba baba ba Baby baba baba ba Baby baba baba ba Baby Baba baba ba Baby baba baba ba Baby baba baba ba Baby Baba baba ba Baby baba baba ba Baby baba baba ba Baby
Olhei fixo pro vidro que refletia e num instante ficou turvo e opaco. E permaneceu assim. E eu ali buscando algo que eu sabia existir por detrás ou dentro dele. Mas nada. Nada vinha e eu parado me socorria das lembranças e dos porquês. Sem poder olhar, sem poder ver, só me restava sentir. Eu queria organizar aquilo tudo que sempre me vinha: aquele gosto vermelho na boca, aquela cor insossa de todas as coisas ao meu redor. A mim me falta a palavra e não adianta o sentimento se não há o verbo. "What if". Eu penso. Eu olho e penso. E tento não sentir. Eu não vejo nada. Talvez quem me veja acredite no estratagema minucioso que me consome: estar sem ser. Mas por fim, sempre resta o cheiro amargo da incompletude, do desvelo, do preterimento. Tateio a janela, no alto, é bem alto, é em cima, e pela janela com os braços abertos eu defenestro o vidro escuro que não me serve, nem serviu. E eu fico parado, mas não sinto o vidro enegrecido rompendo-se em milhares de partes no chão. Fico ali, com o único sentido que me resta, à espreita: o som de cada pedaço do vidro espatifado irá me brilhar uma resposta. (a.l.k.)
"E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre;(…)" (Fernando Pessoa, in "Livro do Desassossego")