18 de abr. de 2008

Estranho rapaz

Quando ele chegou, o estranho rapaz,
Seu olhar estrangeiro olhou para mim.
Eu nunca tinha ouvido a fala do amor.
O frio, o calor, eu logo entendi
Quando o rapaz, seu olhar estrangeiro,
Olhou para mim.
Seu olhar estrangeiro falava uma língua
Que eu logo entendi.
Senti no meu corpo uma coisa tão louca
Que eu nunca senti.
Ele olhava a minha boca, ele olhava o meu corpo
Ele olhava em meu seio,
Olhava no meio, bem dentro de mim.
No princípio, o perigo, depois eu olhava, olhava
Não tinha receio.
Desejava, queria no precipício
Abrir minhas asas, desvendar o segredo.
Seu olhar penetrante invadia ofegante
No meio de mim.
Rasgava o meu ventre, meu corpo inteiro
Me vendo por fora, me vendo por dentro
Do princípio ao fim.
Depois me olhou, me olhou, me olhou
De baixo pra cima, em cima e embaixo
Bem dentro de mim
Me queimando, queimando,
O céu no inferno, o paraíso é assim.
Onde passou tão pouco deixou,
Só um rastro de fogo queimando em silêncio
No incêndio do amor.

(Roberto Mendes – Capinam)

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