28 de abr. de 2008
Eu sonhei que tu estavas tão linda
Numa festa de raro esplendor,
Teu vestido de baile lembro ainda,
Era branco, todo branco, meu amor.
A orquestra tocou uma valsa dolente,
Tomei-te aos braços, fomos bailando
Ambos silentes,
E os pares que volteavam entre nós
Diziam versos, trocavam juras
A meia voz.
Violinos enchiam o ar de emoções
E de desejos uma centena de corações.
Pra despertar teu ciúme
Tentei flertar alguém,
Mas tu não flertaste ninguém.
Olhavas só para mim,
Vitórias de amor cantei,
Mas foi tudo um sonho, acordei.
(Lamartine Babbo e Francisco Mattoso)
25 de abr. de 2008
Viver do amor
Há que esquecer o amor
Há que se amar
Sem amar
Sem prazer
E com despertador
- como um funcionário
Há que penar no amor
Pra se ganhar no amor
Há que apanhar
E sangrar
E suar
Como um trabalhador
Ai, o amor
Jamais foi um sonho
O amor, eu bem sei
Já provei
E é um veneno medonho
É por isso que se há de entender
Que o amor não é um ócio
E compreender
Que o amor não é um vício
O amor é sacrifício
O amor é sacerdócio
Amar
É iluminar a dor
- como um missionário
(Chico Buarque)
24 de abr. de 2008
PRELÚDIOS-INTENSOS PARA OS DESMEMORIADOS DO AMOR.
HILDA HILST
I
Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca
Austera. Toma-me AGORA, ANTES
Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes
Da morte, amor, da minha morte, toma-me
Crava a tua mão, respira meu sopro, deglute
Em cadência minha escura agonia.
Tempo do corpo este tempo, da fome
Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento,
Um sol de diamante alimentando o ventre,
O leite da tua carne, a minha
Fugidia.
E sobre nós este tempo futuro urdindo
Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida
A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo.
Te descobres vivo sob um jogo novo.
Te ordenas. E eu deliquescida: amor, amor,
Antes do muro, antes da terra, devo
Devo gritar a minha palavra, uma encantada
Ilharga
Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar
Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo
Imensa. De púrpura. De prata. De delicadeza.
II
Tateio. A fronte. O braço. O ombro.
O fundo sortilégio da omoplata.
Matéria-menina a tua fronte e eu
Madurez, ausência nos teus claros
Guardados.
Ai, ai de mim. Enquanto caminhas
Em lúcida altivez, eu já sou o passado.
Esta fronte que é minha, prodigiosa
De núpcias e caminho
É tão diversa da tua fronte descuidada.
Tateio. E a um só tempo vivo
E vou morrendo. Entre terra e água
Meu existir anfíbio. Passeia
Sobre mim, amor, e colhe o que me resta:
Noturno girassol. Rama secreta.
III
Contente. Contente do instante
Da ressurreição, das insônias heróicas
Contente da assombrada canção
Que no meu peito agora se entrelaça.
Sabes? O fogo iluminou a casa.
E sobre a claridade do capim
Um expandir-se de asa, um trinado
Uma garganta aguda, vitoriosa.
Desde sempre em mim. Desde
Sempre estiveste. Nas arcadas do Tempo
Nas ermas biografias, neste adro solar
No meu mudo momento
Desde sempre, amor, redescoberto em mim.
IV
Que boca há de roer o tempo? Que rosto
Há de chegar depois do meu? Quantas vezes
O tule do meu sopro há de pousar
Sobre a brancura fremente do teu dorso?
Atravessaremos juntos as grandes espirais
A artéria estendida do silêncio, o vão
O patamar do tempo?
Quantas vezezs dirás: vida, vésper, magna-marinha
E quantas vezes direi: és meu. E as distendidas
Tardes, as largas luas, as madrugadas agônicas
Sem poder tocar-te. Quantas vezes, amor
E quantas vezes em mim há de morrer.
ODE DESCONTÍNUA E REMOTA PARA FLAUTA E OBOÉ. DE ARIANA PARA DIONÍSIO.
HILDA HILST
I
É bom que seja assim, Dionisio, que não venhas.
Voz e vento apenas
Das coisas do lá fora
E sozinha supor
Que se estivesses dentro
Essa voz importante e esse vento
Das ramagens de fora
Eu jamais ouviria. Atento
Meu ouvido escutaria
O sumo do teu canto. Que não venhas, Dionísio.
Porque é melhor sonhar tua rudeza
E sorver reconquista a cada noite
Pensando: amanhã sim, virá.
E o tempo de amanhã será riqueza:
A cada noite, eu Ariana, preparando
Aroma e corpo. E o verso a cada noite
Se fazendo de tua sábia ausência.
II
Porque tu sabes que é de poesia
Minha vida secreta. Tu sabes, Dionísio,
Que a teu lado te amando,
Antes de ser mulher sou inteira poeta.
E que o teu corpo existe porque o meu
Sempre existiu cantando. Meu corpo, Dionísio,
É que move o grande corpo teu
Ainda que tu me vejas extrema e suplicante
Quando amanhece e me dizes adeus.
III
A minha Casa é gurdiã do meu corpo
E protetora de todas minhas ardências.
E transmuta em palavra
Paixão e veemência
E minha boca se faz fonte de prata
Ainda que eu grite à Casa que só existo
Para sorver a água da tua boca.
A minha Casa, Dionísio, te lamenta
E manda que eu te pergunte assim de frente:
À uma mulher que canta ensolarada
E que é sonora, múltipla, argonauta
Por que recusas amor e permanência?
IV
Porque te amo
Deverias ao menos te deter
Um instante
Como as pessoas fazem
Quando vêem a petúnia
Ou a chuva de granizo.
Porque te amo
Deveria a teus olhos parecer
Uma outra Ariana
Não essa que te louva
A cada verso
Mas outra
Reverso de sua própria placidez
Escudo e crueldade a cada gesto.
Porque te amo, Dionísio,
é que me faço assim tão simultânea
Madura, adolescente
E porisso talvez
Te aborreças de mim.
VI
Três luas, Dionísio, não te vejo.
Três luas percorro a Casa, a minha,
E entre o pátio e a figueira
Converso e passeio com meus cães
E fingindo altivez digo à minha estrela
Essa que é inteira prata, dez mil sóis
Sirius pressaga
Que Ariana pode estar sozinha
Sem Dionísio, sem riqueza ou fama
Porque há dentro dela um sol maior:
Amor que se alimenta de uma chama
Movediça e lunada, mais luzente e alta
Quando tu, Dionísio, não estás.
VIII
Se Clódia desprezou Catulo
E teve Rufus, Quintius, Gelius
Inacius e Ravidus
Tu podes muito bem, Dionísio,
Ter mais cinco mulheres
E desprezar Ariana
Que é centelha e âncora
E refrescar tuas noites
Com teus amores breves.
Ariana e Catulo, luxuriantes
Pretendem eternidade, e a coisa breve
A alma dos poetas não inflama.
Nem é justo, Dionísio, pedires ao poeta
Que seja sempre terra o que é celeste
E que terrestre não seja o que é só terra.
IX
“Conta-se que havia na China uma mulher
belíssima que enlouquecia de amor todos
os homens. Mas certa vez caiu nas
profundezas de um lago e assustou os peixes.”
Tenho meditado e sofrido
Irmanada com esse corpo
E seu aquático jazigo
Pensando
Que se a mim não deram
Esplêndida beleza
Deram-me a garganta
Esplandecida: a palavra de ouro
A canção imantada
O sumarento gozo de cantar
Iluminada, ungida.
E te assustas do meu canto.
Tendo-me a mim
Preexistida e exata
Apenas tu, Dionísio, é que recusas
Ariana suspensa nas tuas águas.
X
Se todas as tuas noites fossem minhas
Eu te daria, Dionísio, a cada dia
Uma pequena caixa de palavras
Coisa que me foi dada, sigilosa
E com a dádiva nas mãos tu poderias
Compor incendiado a tua canção
E fazer de mim mesma, melodia.
Eu te daria, Dionísio, a cada noite
O meu tempo lunar, transfigurado e rubro
E agudo se faria o gozo teu.
O coração bate errado
Concêntricos, os sentidos das coisas atingem com atrozes garras aquilo que pode ser o coração. Eles, ao contrário de tudo, vêm de fora, amplos fortes longos e comprimem com descomunal força aquilo que tenta viver. Eles agem e eles não se pensam, pois são coisas. Eles são. Eles ali. Por sobre. Atrozes. Ferozes. Vis. E inocentes. Se o eu do corpo do coração permite que isso seja assim arde-se-me a alma e com toda a complacência do Universo deve-se-me ser aceito. Eles não têm culpa. Não há culpa. O corpo vai e permite. Acompanha. Cala. Aceita. Eles dizem não e seguem. Sem a fraqueza que o pensamento em demasia confere ao fraco pulsante centro da vida. Por vezes muitas, ou todas sempre, o corpo quis que as respostas fossem iguais às suas: falsamente generosas e tomadas de total descaso consigo e com o desejo mais íntimo em ser-se só assim bem. Eles fazem o que é melhor, no instinto, no desejo na vontade. Isto é o certo. O coração bate errado.
(a.l.k.)
Uma Canção Desnaturada
Assim depressa, e estabanada
Saíste maquilada
Dentro do meu vestido
Se fosse permitido
Eu revertia o tempo
Pra reviver a tempo
De poder
Te ver as pernas bambas, curuminha
Batendo com a moleira
Te emporcalhando inteira
E eu te negar meu colo
Recuperar as noites, curuminha
Que atravessei em claro
Ignorar teu choro
E cuidar só de mim
Deixar-te arder em febre, curuminha
Cinqüenta graus, tossir, bater o queixo
Vestir-te com desleixo
Tratar uma ama-seca
Quebrar tua boneca, curuminha
Raspar os teus cabelos
E ir te exibindo pelos
Botequins
Tornar azeite o leite
Do peito que mirraste
No chão que engatinhaste, salpicar
Mil cacos de vidro
Pelo cordão perdido
Te recolher pra sempre
À escuridão do ventre, curuminha
De onde não deverias
(Chico Buarque)
18 de abr. de 2008
Estranho rapaz
Seu olhar estrangeiro olhou para mim.
Eu nunca tinha ouvido a fala do amor.
O frio, o calor, eu logo entendi
Quando o rapaz, seu olhar estrangeiro,
Olhou para mim.
Seu olhar estrangeiro falava uma língua
Que eu logo entendi.
Senti no meu corpo uma coisa tão louca
Que eu nunca senti.
Ele olhava a minha boca, ele olhava o meu corpo
Ele olhava em meu seio,
Olhava no meio, bem dentro de mim.
No princípio, o perigo, depois eu olhava, olhava
Não tinha receio.
Desejava, queria no precipício
Abrir minhas asas, desvendar o segredo.
Seu olhar penetrante invadia ofegante
No meio de mim.
Rasgava o meu ventre, meu corpo inteiro
Me vendo por fora, me vendo por dentro
Do princípio ao fim.
Depois me olhou, me olhou, me olhou
De baixo pra cima, em cima e embaixo
Bem dentro de mim
Me queimando, queimando,
O céu no inferno, o paraíso é assim.
Onde passou tão pouco deixou,
Só um rastro de fogo queimando em silêncio
No incêndio do amor.
(Roberto Mendes – Capinam)
17 de abr. de 2008
San Vicente
Acordei de um sonho estranho
Um gosto, vidro e corte
Um sabor de chocolate
No corpo e na cidade
Um sabor de vida e morte
Coração americano
Um sabor de vida e morte
A espera na fila imensa
E o corpo negro se esqueceu
Estava em San Vicente
A cidade e suas luzes
Estava em San Vicente
As mulheres e os homens
Coração americano
Com sabor de vidro e corte
Ôoooooooooooo...
As horas não se contavam
E o que era negro anoiteceu
Enquanto se esperava
Eu estava em San Vicente
Enquanto acontecia
Eu estava em San Vicente
Coração americano
Um sabor de vidro e corte
(Milton Nascimento - Fernando Brant)
15 de abr. de 2008
Zambi
É Zambi tui, tui, tui, tui, é Zambi
É Zambi na noite, ei, ei, é Zambi
É Zambi tui, tui, tui, tui, é Zambi
Chega de sofrer, ei!
Zambi gritou
Sangue a correr
É a mesma cor
É o mesmo adeus
É a mesma dor
É Zambi se armando, ei, ei, é Zambi
É Zambi tui, tui, tui, tui, é Zambi
É Zambi lutando, ei, ei, é Zambi
É Zambi tui, tui, tui, tui, é Zambi
Chega de viver, ê
Na escravidão
É o mesmo céu
O mesmo chão
O mesmo amor
Mesma paixão
Ganga-zumba, ei, ei, ei, vai fugir
Vai lutar, tui, tui, tui, tui, com Zambi
E Zambi, gritou ei, ei, meu irmão
Mesmo céu, tui, tui, tui, tui
Mesmo chão
Vem filho meu
Meu capitão
Ganga-zumba
Liberdade
Liberdade
Liberdade
Vem meu filho
É Zambi morrendo, ei, ei, é Zambi
É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi
Ganga Zumba, ei, ei, ei, vem aí
Ganga Zumba, tui, tui, tui, é Zambi
(Vinicius de Moraes / Edu Lobo)
13 de abr. de 2008
Tempo Rei
Tudo permanecerá
Do jeito que tem sido
Transcorrendo
Transformando
Tempo e espaço navegando
Todos os sentidos...
Pães de Açúcar
Corcovados
Fustigados pela chuva
E pelo eterno vento...
Água mole
Pedra dura
Tanto bate
Que não restará
Nem pensamento...
Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Transformai
As velhas formas do viver
Ensinai-me
Oh Pai!
O que eu, ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo
Socorrei!...
Pensamento!
Mesmo o fundamento
Singular do ser humano
De um momento, para o outro
Poderá não mais fundar
Nem gregos, nem baianos...
Mães zelosas
Pais corujas
Vejam como as águas
De repente ficam sujas...
Não se iludam
Não me iludo
Tudo agora mesmo
Pode estar por um segundo...
(Gilberto Gil)
7 de abr. de 2008
das intermitências e das expectativas
(a.l.k.)
6 de abr. de 2008
Dura na queda (Ela desatinou nº 2)
Na avenida
Canta seu enredo
Fora do carnaval
Perdeu a saia
Perdeu o emprego
Desfila natural
Esquinas
Mil buzinas
Imagina orquestras
Samba no chafariz
Viva a folia
A dor não presta
Felicidade, sim
O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas
O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas
Bambeia
Cambaleia
É dura na queda
Custa a cair em si
Largou família
Bebeu veneno
E vai morrer de rir
Vagueia
Devaneia
Já apanhou à beça
Mas para quem sabe olhar
A flor também é
Ferida aberta
E não se vê chorar
O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol,a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas
O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol,a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas
(Chico Buarque)
Ela desatinou
Viu chegar quarta-feira
Acabar brincadeira
Bandeiras se desmanchando
E ela ainda está sambando
Ela desatinou
Viu morrer alegrias
Rasgar fantasias
Os dias sem sol raiando
E ela ainda está sambando
Ela não vê que toda gente
Já está sofrendo normalmente
Toda cidade anda esquecida
Da falsa vida da avenida onde
Ela desatinou
Viu morrer alegrias
Rasgar fantasias
Os dias sem sol raiando
E ela inda está sambando
Quem não inveja a infeliz
Feliz no seu mundo de cetim
Assim debochando
Da dor, do pecado
Do tempo perdido
Do jogo acabado
(Chico Buarque)
Inversão
Com as coisas todas turbulentas, aquilo é o que se pode.
E eu não posso nem passo além do círculo que me detém no pensamento.
As ações não condizem pois não estão na ordem certa das coisas.
Mas as coisas estão lá,
quadradas, esféricas, alongadas, planas duras, imóveis, coloridas,
quentes, voluptuosas,
sendo cada vez menos o que elas são.
Mas eu não posso ir.
Lanço sinais por sobre o círculo, um tubo, um mundo, uma redoma.
As coisas não agem pois não são.
Não as atinjo, elas não vêm.
Tremores.
E eu não posso nem passo além do círculo que me detém no pensamento.
Elas então me sorriem
E eu apedreço.
(a.l.k.)
Bruma
Dia insone
Gostos confusos
Pessoas mortas
Carnes vivas
E a bruma.
Rostos difusos
Umbrais sem portas
Labirintos
E a bruma.
E em cada olhar um desvão
imenso e furioso
Um vazio ávido
sedento
Pessoas mortas
Sem sorrisos.
Só a bruma.
(a.l.k.)
Cratera
(a.l.k.)
I Get A Kick Out of You
But practically everything leaves me totally cold
The only exception I know is the case
When I'm out on a quiet spree, fighting vainly the old ennui
And I suddenly turn and see
Your fabulous face
I get no kick from champagne
Mere alcohol doesn't thrill me at all
So tell me why should it be true
That I get a kick out of you
Some get a kick from cocaine
I'm sure that if I took even one sniff
That would bore me terrifically too
But I get a kick out of you
I get a kick every time I see you standing there before me
I get a kick though it's clear to me, you obviously don't adore me
I get no kick in a plane
Flying too high with some guy in the sky
Is my idea of nothing to do
Yet I get a kick out of you
(Cole Porter)
5 de abr. de 2008
Too Darn Hot
It's too darn hot!
I'd like to sup with my baby tonight,
Refill the cup with my baby tonight.
I'd like to sup with my baby tonight,
Refill the cup with my baby tonight,
But I ain't up to my baby tonight
'Cause it's too darn hot
It's too darn hot!
It's too darn hot!
I'd like to coo with my baby tonight,
And pitch the woo with my baby tonight.
I'd like to coo with my baby tonight,
And pitch the woo with my baby tonight.
But brother you fight my baby tonight
'Cause it's too darn hot
According to the Kinsey Report
Ev'ry average man you know
Much prefers his love-y dove-y to court
When the temperature is low,
But when the thermometer goes 'way up
And the weather is sizzling hot,
Mister pants for romance is not
'Cause it's too, too,
Too darn hot!
It's too darn hot!
It's too, too darn hot!
I'd like to coo with my baby tonight
And pitch the woo with my baby tonight
I'd like to coo with my baby tonight,
Pitch the woo with my baby tonight
But brother, you fight my baby tonight
'Cause it's too darn hot!
According to the Kinsey Report
Ev'ry average man you know
Much prefers his lovey dovey to court
When the temperature is low
But when the thermometer goes 'way up
And the weather is sizzling hot,
Mr. Gob for his squab,
A marine for his queen,
A G.I. for his cutie-pie is not
'Cause it's too, too,
Too darn hot!
It's too darn hot!
It's too darn hot
It's too darn hot
It's too darn hot
It's too darn hot!
(Cole Porter / 1948)