26 de out. de 2007

Soprando

Agora venta. Agora venta e a angústia não é menor nem sinaliza a mínima intenção de se dissipar. Ela é tanta e forte que é gente quase. E densa como a bruma que é prenúncio. O nevoeiro, assim diz-se sempre e é, toca o clarim paro o que há detrás. Soa a trombeta e as gentes ou temem ou arrepiam-se de prazer na imaginação do que estará virá está vem do outro lado do invisível. Eu não olho. Recuso-me e cerro os olhos e distraio os ouvidos, só me permito sentir: na pele e sob ela, na língua e no ar quem vem. Eu imagino. Mas não tenho esperanças.

(a.l.k.)

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