A música mais bonita eu fiz pra você E não é essa A música mais bonita eu fiz pra você E não A moça mais bonita eu guardei pra você Mas ela fugiu Por entre as horas Por entre os fios silenciosos Do teu próprio cabelo Ela fugiu pra ver o sol menino Ela partiu pra se banhar menino Mas percebeu no dia seguinte Que sol mora nos fios Do teu próprio cabelo E nesses dias me falta a terra E também o ar E também o ar...
Meu corpo é pedra em que nascem Corais, sargaços e líquen Que os homens todos me abracem Só quero aqueles que passem não quero aqueles que fiquem. Gosto, meu bem, de andar nua Me pinto feito arco-íris Jamais me tires da rua Porque jamais serei tua Se tu não me repartires. Senti paixão por um bando Escorreguei como os peixes Por isso eu peço que quando Sentires que já estou te amando Eu quero é que tu me deixes. Sou de ceder minhas graças Não sou aquela que queres Pertenço a rodas devassas Não quero que tu me faças Igual às outras mulheres.
Deixa que minha mão errante adentre atrás, na frente Em cima, em baixo, entre Minha América, minha terra à vista Reino de paz se um homem só a conquista Minha mina preciosa, meu império Feliz de quem penetre o teu mistério
Liberto-me ficando teu escravo Onde cai minha mão, meu selo gravo Nudez total: todo prazer provém do corpo (Como a alma sem corpo) sem vestes Como encadernação vistosa Feita para iletrados, a mulher se enfeita Mas ela é um livro místico e somente A alguns a que tal graça se consente É dado lê-la
(Augusto de Campos e Péricles Cavalcanti sobre um poema de John Donne)
Morre mais um amor num coração vulgar Deixa desilusão pra quem não sabe amar. E quem não sabe amar tem que sofrer Porque não poderá compreender Que o amor que morre é uma ilusão, E uma ilusão deve morrer Um verdadeiro amor nunca fenece E pouca gente ainda o conhece Meu bem, se o teu amor morreu, É porque ninguém o entendeu Deixa o teu coração viver em paz O teu pecado foi querer amar demais.
O galo já não canta mais no Cantagalo A água já não corre mais na Cachoeirinha Menino não pega mais manga na Mangueira E agora que cidade grande é a Rocinha! Ninguém faz mais jura de amor no Juramento Ninguém vai-se embora do Morro do Adeus Prazer se acabou lá no Morro dos Prazeres E a vida é um inferno na Cidade de Deus Não sou do tempo das armas Por isso ainda prefiro Ouvir um verso de samba Do que escutar som de tiro Pela poesia dos nomes de favela A vida por lá já foi mais bela Já foi bem melhor de se morar Mas hoje essa mesma poesia pede ajuda Ou lá na favela a vida muda Ou todos os nomes vão mudar
Eu quero Me esconder debaixo Dessa sua saia Prá fugir do mundo Pretendo Também me embrenhar No emaranhado Desses seus cabelos Preciso transfundir Seu sangue Pro meu coração Que é tão vagabundo... Me deixe Te trazer num dengo Prá num cafuné Fazer os meus apelos...
Eu quero Ser exorcizado Pela água benta Desse olhar infindo Que bom É ser fotografado Mas pelas retinas Dos seus olhos lindos Me deixe hipnotizado Prá acabar de vez Com essa disritmia...
Vem logo Vem curar teu nego Que chegou de porre Lá da boemia...
Eu quero Ser exorcizado Pela água benta Desse olhar infindo Que bom É ser fotografado Mas pelas retinas Dos seus olhos lindos Me deixe hipnotizado Prá acabar de vez Com essa disritmia...
Vem logo Vem curar seu nego Que chegou de porre Lá da boemia...(6x) Me deixe hipnotizado Prá acabar de vez Com essa disritmia... Me deixe hipnotizado Prá acabar de vez!
Eu sei que vocês vão dizer Que é tudo mentira Que não pode ser E que depois de tudo Que ele me vez Eu jamais deveria aceitá-lo outra vez Bem sei que assim procedendo Me exponho ao desprezo de todos vocês Lamento, mas fiquem sabendo Que ele voltou e comigo ficou
Ficou pra matar a saudade A tremenda saudade Que não me deixou Não me deu sossego momento sequer Desde o dia em que ele me abandonou Ficou pra impedir que a loucura Fizesse de mim um molambo qualquer Ficou desta vez para sempre Se Deus quiser!
Chora, disfarça e chora Aproveita a voz do lamento Que já vem a aurora A pessoa que tanto queria Antes mesmo de raiar o dia Deixou o ensaio por outra Oh! triste senhora Disfarça e chora Todo o pranto tem hora E eu vejo seu pranto cair No momento mais certo Olhar, gostar só de longe Não faz ninguém chegar perto E o seu pranto oh! Triste senhora Vai molhar o deserto Disfarça e chora
Eu gostei tanto, Tanto quando me contaram Que ihe encontraram Bebendo e chorando Na mesa de um bar, E que quando os amigos do peito Por mim perguntaram Um soluço cortou sua voz, Não ihe deixou falar. Eu gostei tanto, Tanto, quando me contaram Que tive mesmo de fazer esforço Prá ninguém notar. O remorso talvez seja a causa Do seu desespero Ela deve estar bem consciente Do que praticou, Me fazer passar tanta vergonha Com um companheiro E a vergonha É a herança maior que meu pai me deixou; Mas, enquanto houver força em meu peito Eu nao quero mais nada Só vingança, vingança, vingança Aos santos clamar Ela há de rolar como as pedras Que rolam na estrada Sem ter nunca um cantinho de seu Pra poder descansar
Meu bem... Este teu corpo parece Do jeito que ele me aquece Amendoim torradinho E a gente Nestes teus braços esquece Do ponteirinho que desce só Prá impedir teus carinhos Eu sinto uma vontade louca De gritar pela rua Que eu já colei minha boca na boca que é tua E de gritar ao teu ouvido lá dentro bem fundo Que não existe no mundo um amor mais profundo Que o amor bem vagabundo Que vem lá do meu bem... Mas meu... meu bem Este teu corpo parece Do jeito que ele me aquece Amendoim torradinho
Chorei, Não procurei esconder Todos viram, fingiram Pena de mim, não precisava Ali onde eu chorei Qualquer um chorava Dar a volta por cima que eu dei Quero ver quem dava
Um homem de moral Não fica no chão Nem quer que mulher Lhe venha dar a mão
Reconhece a queda Mas não desanima Levanta, sacode a poeira E dá a volta por cima!
Ah, sempre eu Sempre eu é que irão de dizer que das brigas de amor sou culpado Eu, coitado, que nunca tive o direito de amar ou de ser amado
Ah, sempre eu Sempre eu é que irão de dizer que das brigas de amor sou culpado Eu, coitado, que nunca tive o direito de amar ou de ser amado
Sempre que sou obrigado a deixar a pessoa que insiste em me enganar Sempre dizem "já esperava, este é sempre o seu proceder" mas as causas ninguém precisa saber Sempre eu
Ah, sempre eu Sempre eu que irão de dizer que das brigas de amor sou culpado Eu, coitado, que nunca tive o direito de amar ou de ser amado Sempre que sou obrigado a deixar a pessoa que insiste em me enganar Sempre dizem "já esperava, este é sempre o seu proceder" mas as causas ninguém precisa saber Sempre eu
Logo que me encontrou Mostrou sua nudez E eu nem quis indagar porquês Nem se fazia jus.
Feliz e embasbacado ali Fugindo em vão dos seus ardis Já não sabia discernir O que era sombra e o que era luz.
Mas você despertou A minha insensatez E eu sequer pude ser sagaz Pois nunca lhe supus.
E até para zombar de mim Do meu revés, minha mudez Me fez virar de vez refém Do bem que o seu olhar me fez.
Hoje vivo a perguntar Onde foi parar meu chão Em que nuvens estão meus pés e as minhas mãos Por que é que você não me diz, Já que estamos a sós, onde pôs Meus dois olhos exaustos De ver os seus dois olhos nus?
Não lhe custa responder Onde está meu coração Já que desde que lhe vi perdi noção. Como está pode ser bem capaz Que ele pulse sem mim, de viés E eu preciso saber onde jaz Pra pousá-lo aos seus pés.
Musica de Chico Saraiva Letra de Mauro Aguiar
Voz: Verônica Ferriani Violão e Arranjo: Chico Saraiva Baixo Acústico: Marcelo Cabral Piano e percussão: Pepe Cisneros
Eu sou mandingueira, manteúda e Deus me ajuda ainda Enfrento quebranto, arenga, agouro e me faço linda Quando meu grito se alonga Toda quizila escorrega foge cega com o gume do lume de Yansã.
Eu sou macumbeira, sapopemba e vivo na curimba Mas tenho decoro não, guardo meu ouro em minha cacimba Mel do meu canto decola Chega em Mamãe Dandalunda Que faz lá minha onda sonora marejar.
Minha voz labareda do samba no breu É mandinga que alegra, é milagre, é luar Trago no meu gongá Um batuque à granel Que alaga meu sangue de orgulho iorubá
Eu sou brasileira, beiradeira, e força repentina Esquento o banho de cheiro pro couro da minha cantiga Minha garganta de seda É sedução desabrida Aprendida na fonte escondida de Oxum.
Eu sou curandeira, rezadeira e tenho a voz caluda Ungüento e encanto que ponho no corpo mamulengo cura A lama que me ilumina Na hora da reza clara É a calma colhida no colo de Nanã.
Minha voz alameda do samba no pé É candonga que afaga, é luz negra, é mulher Trago em meu patuá Talismã de Guiné Que garante meu canto em qualquer canto que eu for cantar!
Musica de Chico Saraiva Letra de Mauro Aguiar
Voz: Verônica Ferriani Violão e Arranjo: Chico Saraiva Flauta baixo: Carlos Malta Percussão: Ari Colares
Nessa cidade todo mundo é d’oxum Homem, menino, menina, mulher Toda essa gente irradia magia
Presente na água doce Presente na água salgada E toda cidade brilha
Presente na água doce Presente na água salgada E toda cidade brilha
Seja tenente ou filho de pescador Ou um importante desembargador Se der presente é tudo uma coisa só
A força que mora n’água Não faz distinçao de cor E toda cidade é d’oxum
A força que mora n’água Não faz distinção de cor E toda cidade é d’oxum
É d’oxum, é d’oxum, É d’oxum, Eu vou navegar Eu vou navegar nas ondas do mar Eu vou navegar Eu vou navegar Eu vou navegar nas ondas do mar Eu vou navegar
When you first left me I was wanting more But you were fucking that girl next door, what you do that for When you first left me I didn’t know what to say I've never been on my own that way, just sat by myself all day I was so lost back then But with a little help from my friends I found a light in the tunnel at the end Now you're calling me up on the phone So you can have a little whine and a moan And it's only because you're feeling alone At first when I see you cry, yeah it makes me smile, yeah it makes me smile At worst I feel bad for a while, but then I just smile I go ahead and smile Whenever you see me you say that you want me back And I tell you it don't mean jack, no it don't mean jack I couldn't stop laughing, no I just couldn´t help myself See you messed up my mental health I was quite unwell I was so lost back then But with a little help from my friends I found a light in the tunnel at the end Now you're calling me up on the phone So you can have a little whine and a moan And it's only because you're feeling alone At first when I see you cry, yeah it makes me smile, yeah it makes me smile At worst I feel bad for a while, but then I just smile I go ahead and smile
"Para onde vai a minha vida e quem a leva? Porque eu faço sempre o que não queria? Que destino contínuo se passa em mim na treva? Que parte de mim, que eu desconheço, é que me guia?" Senhora das nuvens de chumbo Senhora do mundo dentro de mim Rainha dos raios, rainha dos raios Rainha dos raios, tempo bom, tempo ruim Senhora das chuvas de junho Senhora de tudo dentro de mim Rainha dos raios, rainha dos raios Rainha dos raios, tempo bom, tempo ruim Eu sou o céu para as tuas tempestades Um céu partido ao meio no meio da tarde Eu sou um céu para as tuas tempestades Deusa pagã dos relâmpagos Das chuvas de todo ano Dentro de mim, dentro de mim
(Gilberto Gil e Caetano Veloso, texto de Maria Bethânia)
I've been alone with you inside my mind And in my dreams I've kissed your lips a thousand times I sometimes see you pass outside my door Hello, is it me you're looking for? I can see it in your eyes I can see it in your smile You're all I've ever wanted, (and) my arms are open wide 'Cause you know just what to say And you know just what to do And I want to tell you so much, I love you ... I long to see the sunlight in your hair And tell you time and time again how much I care Sometimes I feel my heart will overflow Hello, I've just got to let you know 'Cause I wonder where you are And I wonder what you do Are you somewhere feeling lonely, or is someone loving you? Tell me how to win your heart For I haven't got a clue But let me start by saying, I love you ... Hello, is it me you're looking for? 'Cause I wonder where you are And I wonder what you do Are you somewhere feeling lonely or is someone loving you? Tell me how to win your heart For I haven't got a clue But let me start by saying ... I love you
"E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre;(…)" (Fernando Pessoa, in "Livro do Desassossego")