Espelhos Cristais Vidros cortantes me cercam Vidros tenazes e blindados também E eu me desfacelo contra eles Escorro por sobre eles como densa chuva vermelha. Cravejados na pele os cristais que brilham preciosos Nos espelhos estilhaçados Sou muitos e todos e vários Diferentes e infinitos.
"E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre;(…)" (Fernando Pessoa, in "Livro do Desassossego")