Aos pés da Santa Cruz você se ajoelhou
Em nome de Jesus um grande amor você jurou
Jurou, mas não cumpriu, fingiu e me enganou
Pra mim você mentiu
Pra Deus você pecou
O coração tem razões que a própria razão desconhece
Faz promessas e juras, depois esquece
Seguindo este princípio você também prometeu
Chegou até a jurar um grande amor
Mas depois esqueceu
(Marino Pinto e José Gonçalves "Zé da Zilda")
Último grande sucesso de Orlando Silva na gravadora Victor, "Aos Pés da Cruz" já era bem conhecido meses antes de sua gravação, quando o cantor o lançou em programas radiofônicos, numa excursão ao Norte e Nordeste.
Abordando o tema da jura descumprida, muito explorado na época ("Aos pés da Santa Cruz / você se ajoelhou / e em nome de Jesus/ um grande amor você jurou / jurou mas não cumpriu / fingiu e me enganou..."), o samba agradou tanto que recebeu imediata continuação - "Quem Mente Perde a Razão" -, de autoria do próprio Zé da Zilda (José Gonçalves) e lançado por Nelson Gonçalves , sucessor de Orlando na gravadora.
Orlando Silva
Co-autor de "Aos Pés da Cruz", Marino Pinto cita na segunda parte o célebre aforismo "O coração tem razões que a própria razão desconhece", do filósofo francês Blaise Pascal. Numa demonstração de sua admiração por Orlando, João Gilberto regravaria este samba em seu primeiro elepê, em 1959. Sua versão, com outras harmonias e uma interpretação lisa, mostraria como composições antigas poderiam ser perfeitamente amoldadas à bossa nova. Assim é que o repertório desse disco (Chega de Saudade) mistura, em completa sintonia, canções nascidas sob o signo do novo movimento com sambas tradicionais como "Morena Boca de Ouro", "Rosa Morena" e este "Aos Pés da Cruz".
Orlando Silva, acompanhado por Miranda e seu Regional.
João Gilberto
Fabiana Cozza
Marina De La Riva
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27 de jul. de 2010
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